Irisina: hormônio do exercício protege os rins contra danos do diabetes; entenda

Bem-estar Movimento Saúde
19 de Setembro, 2022
Irisina: hormônio do exercício protege os rins contra danos do diabetes; entenda

Uma rotina de exercícios físicos pode proteger os rins de danos provocados pela diabetes, segundo pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo o trabalho, publicado na revista científica Scientific Reports, isso acontece pela liberação da irisina, isto é, um hormônio liberado pelo tecido muscular durante a prática de atividades físicas.

A substância, conhecida como hormônio do exercício, é considerada pelos cientistas como um dos principais responsáveis pela longa lista de benefícios proporcionados pela atividade física regular ao organismo humano. Entenda, agora, como o estudo ocorreu.

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Afinal, a irisina protege os rins contra os dados do diabetes?

Após uma sequência de experimentos, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou os benefícios da substância aos rins. Além disso, eles descreveram, pela primeira vez, de que maneira ela pode prevenir os estragos renais produzidos pelo diabetes, como a insuficiência renal crônica.

“Nós constatamos que o exercício aeróbico está associado a um aumento da irisina muscular na circulação sanguínea e também nos rins, conferindo nefroproteção”, explica o médico José Butori Lopes de Faria, do Laboratório de Fisiopatologia Renal e Complicações do Diabetes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp).

A irisinaI foi dentificada por biólogos da Universidade de Harvard (Estados Unidos) há uma década. Desde então, tem sido alvo de muitos estudos que visam desvendar seus mecanismos de ação. Pesquisas com roedores já mostraram, por exemplo, que esse hormônio também é importante para a formação da memória e a proteção dos neurônios em roedores com enfermidade semelhante ao Alzheimer, entre outros benefícios. 

Metodologia da pesquisa

A princípio, os pesquisadores induziram o diabetes em ratos com oito semanas de idade. Depois, mediram indicadores de danos renais, como a presença de albumina na urina. A perda dessa proteína é sinal de que as células renais já começaram a sofrer os efeitos do diabetes. Os animais foram separados em três grupos – controle, com diabetes sedentários e com diabetes exercitados (submetidos a treinamento físico em esteira rolante por oito semanas).

“Vimos que o exercício aeróbico está associado ao aumento da irisina no tecido muscular e na circulação sanguínea, bem como ao aumento da enzima AMPK [proteína quinase ativada por monofosfato de adenosina, que atua como sensor metabólico das células] nos rins, conferindo nefroproteção”, disse Faria.

Em seguida, a equipe injetou medicamentos nos roedores com diabetes e exercitados para bloquear a ação renal da irisina. A deficiência da substância coincidiu com o bloqueio dos efeitos benéficos do exercício. Por exemplo, a redução de albumina na urina e a menor expressão de substâncias que atuam na fibrose dos glomérulos (a unidade do rim que faz a filtragem do sangue e a eliminação dos resíduos do metabolismo). “A falta da irisina aboliu os efeitos protetores do exercício ao rim de pessoas com diabetes”, escreveram os pesquisadores.

Por fim, eles também investigaram se o tratamento com irisina seria capaz de evitar as alterações da glicose elevada. “A resposta foi positiva. Concluímos que o exercício físico aumenta a irisina no músculo e na circulação e que, nos rins, a presença desse hormônio ativa a enzima AMPK, que bloqueia os mecanismos da fibrose renal”, explica Faria. “Pela primeira vez, podemos afirmar que, no diabetes, o eixo irisina/AMPK induzido pelo exercício físico protege as células renais dos efeitos da alta glicose”, concluíram os autores.

Irisina: Para que serve e o que é o hormônio do exercício

A irisina é um hormônio cuja liberação está relacionada à contração da fibra muscular. Dessa maneira, é capaz de exercer sua ação em diversos receptores em diferentes áreas do corpo. Por exemplo, a saúde mental, comportamento motor, saúde articular, resposta imunológica e mais.

Essa substância favorece a conversão de tecido adiposo (responsável por armazenar gordura e regular a temperatura do corpo) branco em bege e marrom. Este fenômeno contribui com o aumento da termogênese e do gasto calórico diário, auxiliando na perda de peso e controle da obesidade.

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Relação e COVID-19: Entenda a relação

Segundo um estudo conduzido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São Paulo, o hormônio irisina também pode ter efeito terapêutico em casos de coronavírus (COVID-19). Devido à pandemia, os cientistas decidiram investigar possíveis efeitos da irisina em genes relacionados à replicação do vírus. 

Após analisarem dados, os pesquisadores descobriram que o hormônio tem um efeito modulador em células adiposas em genes associados à maior replicação do COVID-19 no nosso corpo. Com o cruzamento de dados, foi possível descobrir a irisina diminui a expressão dos genes da proteína que o vírus se liga. Quando não há proteína, o vírus possui dificuldade para infectar a célula.

À medida que envelhecemos, é comum ocorrer a redução da expressão desse gene, o que pode aumentar a replicação do coronavírus, aumentando o risco para essas pessoas contraírem o vírus. Portanto, é fundamental incluir a prática de atividades físicas e uma alimentação equilibrada em sua rotina, para melhorar a saúde em geral.

Referências:

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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